Eu arranjei o meu dinheiro
Trabalhando o ano inteiro
Numa cerâmica
Fabricando potes
E lá no alto da Mooca
Eu comprei um lindo lote dez de frente e dez de fundos
Construí minha maloca
Me disseram que sem planta
Não se pode construir
Mas quem trabalha tudo pode conseguir
João Saracura, que é fiscal da Prefeitura
Foi um grande amigo, arranjou tudo pra mim [...]
TEXTO II
As práticas culturais visam reconhecer uma identidade social, a exibir uma maneira própria de ser no mundo, a significar simbolicamente um estatuto e uma posição; enfim, as formas institucionalizadas e objetivadas em virtude das quais representantes – instâncias coletivas ou indivíduos singulares – marcam de modo visível e perpétuo a existência do grupo, da comunidade ou da classe.
Uma comparação entre o conteúdo da canção “Abrigo de vagabundo” e as considerações sobre as práticas culturais, no texto II, confirmam que
a) o verso “Eu arranjei o meu dinheiro” explicita a condição de inferioridade social do sujeito-poético, à mercê da sorte.
b) o sujeito-poético tem consciência das frustrações sociais que o cercam, principalmente pela dificuldade em adquirir uma moradia.
c) a dinâmica da vida urbana e a desigualdade social marcam o caráter de denúncia da canção.
d) o sujeito-poético conforta-se com a própria identidade social e com as próprias conquistas.
e) a sensação de fragilidade decorre da falta de assistência do Estado, representado pela omissão dos agentes públicos.
