Leia o fragmento abaixo e responda. “... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis; nada menos. Meu pai, logo que teve aragem dos onze contos, sobressaltou-se deveras; achou que o caso excedia as raias de um capricho juvenil. — Dessa vez, disse ele, vais para a Europa, vais cursar uma Universidade, provavelmente Coimbra; quero-te para homem sério e não para arruador ou gatuno. E como eu fizesse um gesto de espanto: — Gatuno, sim senhor, não é outra coisa um filho que me faz isto... Sacou da algibeira os meus títulos de dívida, já resgatados por ele e sacudiu-mos na cara. — Vês, peralta? É assim que um moço deve zelar o nome dos seus? Pensas que eu e meus avós ganhamos o dinheiro em casas de jogo ou a vadiar pelas ruas? Pelintra! Desta vez ou tomas juízo, ou ficas sem coisa nenhuma. Estava furioso, mas de um furor temperado e curto. Eu ouvi-o calado, e nada opus à ordem da viagem, como de outras vezes fizera; ruminava a de levar Marcela comigo. Fui ter com ela; expus-lhe a crise e fiz-lhe a proposta. Marcela ouviu-me com os olhos no ar, sem responder logo; como insistisse, disse-me que ficava, que não podia ir para a Europa. ...”
ASSIS, Machado de. Memórias póstumas de Brás Cubas. 18. ed. São Paulo: Ática. 1992, p. 44. Fragmento.
1. Nesse texto, há a presença de ironia quando *
A) a possibilidade de ir estudar fora passa a ameaçar a sua vida. B) a amada recusou-se em ir com ele para a cidade de Coimbra. C) o pai disse-lhe que não pagaria mais as suas dívidas de jogo. D) o rapaz ouve o pai e não contesta sua ordem. E) a personagem diz que a mulher o amou apenas pelo dinheiro.