O monge budista Shuan Sha sobe ao púlpito
para o sermão. Antes de pronunciar a primeira
palavra, um canarinho aparece na janela do
templo e começa a cantar sua mais bela canção.
Não tinha pressa de acabar e parece que estava
gostando de exibir sua voz num templo apinhado
de gente. Canta que canta! O monge não o interrompe.
Espera o passarinho ecoar seu último trinado. Depois de apresentar sua
arte para os fiéis, o pássaro levanta vôo, dá uma revoada pelo templo e
desaparece janela afora.
O povo ouvira silencioso e admirado. Do alto do púlpito, o monge
comenta:
Acabamos de ouvir o mais belo sermão jamais pronunciado neste
templo. O passarinho nos falou de alegria, felicidade, vida, Deus. Não
posso acrescentar mais nada. Minhas palavras medíocres roubariam a
beleza deste sermão.
E desceu do púlpito.
Rômulo Cândido de Souza
Me conta uma mentira. Aparecida do Norte: Vale Livros, 1991. p. 79.
a) De acordo com a interpretação do monge, de que falou o canarinho
em sua canção? me ajuda​