Texto 1
O romance romântico brasileiro dirigia-se a um público mais restrito do que o atual: eram moços e moças provindos das classes altas, e, excepcionalmente, médias; eram os profissionais liberais da corte ou dispersos pelas provincias: eram, enfim, um tipo de leitor à procura de entretenimento, que não percebia muito bem a diferença de grau entre um Macedo e um Alencar urbano. Para esses devoradores de folhetins franceses, divulgados em massa a partir de 1830/40, uma trama rica de acidentes bastava como pedra de toque do bom romance. À medida que os nossos narradores lam aclimando à paisagem e ao meio nacional os esquemas de surpresa e de fim feliz dos modelos europeus, o mesmo público acrescia ao prazer da urdidura o do reconhecimento ou da autoidealização. [.) A cronologia manda começar pelo romance de Joaquim Manuel de Macedo [.. Macedo descobriu logo alguns esquemas de efeito novelesco, sentimental ou cômico, e aplicou-os assiduamente até as suas últimas produções do gênero. Compõem o quadro esses expedientes: o namoro difícil ou impossível, o mistério sobre a identidade de uma figura importante na intriga, conflito entre o dever e a paixão [..] BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 37 ed. São Paulo: Cultrix, 2000.
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